A água corria, quente e em franco desperdício, enquanto eu ia pensando na solução para uma história. Subitamente, do outro lado da janela, debicando coisas misteriosas na relva, um pássaro. Um melro para ser mais exacto. Saltitou, preto e decidido, olhando em volta, pronto a partir. Mas só as ervas se moviam. Eu continha a respiração para que ele não se apercebesse da minha presença. Mas ele viu-me. Ficou parado a olhar directamente para a minha figura imóvel. Depois virou-me um olho desconfiado (o seu mais apurado, suponho...) antes de partir gritando ao vento que homens e pássaros nunca seriam irmãos.
............
..........
Sem comentários:
Enviar um comentário